Um projeto pioneiro na região espanhola da Andaluzia demonstra como a recuperação da biodiversidade é benéfica para o ambiente e oferece rentabilidade empresarial.
A emergência climática exigiu novas formas de encarar a agricultura. Se o solo não for cuidado e a biodiversidade não for preservada, o cultivo de alimentos pode tornar-se um investimento caro e não rentável.
Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a solução para a produção sustentável de alimentos é responsabilidade da agroecologia. E isto tem muito a ver com o olival espanhol e com a produção de azeite, não sabia?
A agroecologia promove o desenvolvimento rural com uma agricultura de base ecológica e a concepção de agrossistemas sustentáveis. É uma atividade com foco na ação. Como exemplo, temos a atividade de projetos como o LIFE Olivares Vivos, que trabalham para implementar modelos de olival mais sustentáveis e promover a biodiversidade em Espanha.
José Eugenio Gutiérrez, SEO da BirdLife e diretor do projeto LIFE Olivares Vivos, a agroecologia foi ignorada pelos sistemas agrários dominantes durante décadas, mas hoje há consenso sobre a sua importância.
“A agricultura pode passar de problema a solução se aplicarmos o conhecimento científico que a ecologia nos proporciona. Trata-se de trabalhar pela natureza e não contra ela”, explica.
Como foi recuperada a biodiversidade nos olivais?
O projeto LIFE Olivares Vivos foi lançado em 2015 e tinha como objetivo melhorar a rentabilidade dos agricultores e, ao mesmo tempo, recuperar a biodiversidade nas suas culturas. Participaram na investigação 40 olivais e olivicultores da Andaluzia, região situada no sul de Espanha. Mostraram um modelo agrícola que concilia agricultura e biodiversidade, uma das suas principais contribuições foi introduzir e promover a biodiversidade como valor de mercado nos azeites virgens extra.
“Devemos compreender o olival como um agrossistema que tem um potencial extraordinário para conservar a biodiversidade. Também temos que perceber que uma cultura não pode ser considerada sustentável se tiver um impacto negativo na conservação da biodiversidade”, afirma Gutiérrez.
O projeto durou seis anos e incluiu medições anuais da biodiversidade, com registros de fauna e flora. Nos 40 olivais participantes foram catalogadas 180 espécies de aves (um quarto do total documentado na Península Ibérica), 60 espécies de formigas (um quinto das que vivem na Península e nas Ilhas Baleares), 200 espécies de espécies selvagens abelhas e mais de 750 plantas, incluindo uma espécie nova para a ciência, Linaria qartobensis.
Através de uma gestão ambiental e agronomicamente sustentável, o projeto Olivares Vivos aumentou entre 7 e 12% a riqueza de espécies de fauna e flora em apenas três anos. Além disso, o número de animais e plantas aumentou 40%. No médio prazo, estima-se que poderá haver um aumento de até 35% na riqueza de espécies.
O futuro é agroecológico
Dados os bons resultados obtidos pelo projeto, a ideia agora é estendê-lo para outras regiões produtoras, bem como testá-lo em outras culturas. José Eugenio Gutiérrez destaca que as mudanças observadas só foram possíveis graças ao apoio dos olivicultores, protagonistas do projeto LIFE Olivares Vivos.
“Mostramos que o olival é uma cultura absolutamente estratégica para o futuro da biodiversidade na Europa”, afirmou.
Até o momento são mais de mil inscrições para participar das novas fases do projeto.
“Graças aos produtores já temos Azeite Virgem Extra que recupera a flora e a fauna. Agora é a vez dos consumidores. Cabe-lhes dar prioridade a este modelo agrícola que, de forma comprovada e garantida, lhes oferece a oportunidade de contribuir para deter a perda de biodiversidade”, conclui Gutiérrez.
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